O presidente da França, Emmanuel Macron, anunciou um investimento massivo de €109 bilhões (aproximadamente US$ 112 bilhões) do setor privado para impulsionar o ecossistema de inteligência artificial (IA) do país. O anúncio ocorreu na véspera da Action for AI Summit, evento realizado em Paris nesta segunda-feira (10). O valor representa um grande avanço para a França na corrida global pela inovação em IA, aproximando-se de potências como os Estados Unidos e a China.
Macron comparou o investimento ao programa Stargate dos Estados Unidos, que destinou US$ 500 bilhões para o setor de IA, incluindo US$ 100 bilhões de empresas como OpenAI, SoftBank e Oracle. Segundo o presidente francês, a população da França é cinco vezes menor que a dos EUA, mas o montante investido mantém uma proporção similar, garantindo que o país tenha competitividade internacional. Os fundos serão utilizados para desenvolver centros de dados, incluindo um liderado pela Mistral AI, empresa francesa avaliada em €6 bilhões e considerada a maior referência europeia no setor.
Uma parte significativa desse financiamento (entre US$ 30 bilhões e US$ 50 bilhões) vem de investidores franceses e dos Emirados Árabes Unidos. Apesar do mercado europeu ser um polo importante para o desenvolvimento de IA, a região recebe apenas 7% dos investimentos privados globais, enquanto EUA e China concentram juntos cerca de 80%. Os dados foram apresentados em um relatório da Comissão Europeia e do Banco Europeu de Investimento, destacando a necessidade de mais aportes para que a Europa se torne uma potência tecnológica.
A França se destaca no setor graças ao seu foco em pesquisa e desenvolvimento, além da formação de talentos como Arthur Mensch, fundador da Mistral AI. Além do investimento privado, o governo francês já havia anunciado um financiamento público de €2,1 bilhões dentro do plano France 2030, que visa fortalecer a tecnologia e a inovação no país ao longo da próxima década.
Macron ressaltou que o objetivo do investimento é não apenas fortalecer a França, mas também posicionar a Europa como um grande ator global na IA. Com isso, espera-se que o continente consiga reduzir a influência dominante dos Estados Unidos e da China na área, garantindo que as ferramentas de inteligência artificial contemplem perspectivas mais diversificadas e equitativas.